Você compra de quem empreende ou só de quem te influencia?
Convidada para escrever no site da RME, a empreendedora Carol Carminatti fala oportunidades no empreendedorismo
Publicado em 27 de junho de 2022
Bati o olho num post falando sobre uma campanha de cantoras mainstream da América Latina se unindo pela maior representatividade feminina nas paradas.
Logo que fui ler os comentários, uma constatação: grande parte da ficha técnica dessas cantoras são formadas por profissionais homens. Claro que elas contratam quem quiserem, certo? Mas porquê as equipes, na maioria das vezes, são majoritariamente masculinas?
Em vez de enfatizar as problemáticas específicas dessa indústria, acho mais produtivo constatar que temos que sair do automático da indústria feminina de consumo em geral.
Vivemos o automático de destacar e prestigiar as influenciadoras, girlbosses, cantoras e outras mulheres que possuem uma estrutura fantástica de marketing e mídias sociais para lacrar qualquer lançamento. Isenta de qualquer opinião sobre a caminhada de cada uma, mas quantas marcas genéricas de roupa, maquiagem e cabelo ainda precisam surgir no mundo para você se sentir mais quem você já é?
Enquanto isso, posso falar por experiência própria que existem milhares de empreendedoras enfrentando todos os desafios em gerir, organizar, produzir, atender, vender, melhorar seus negócios. E ainda assim com um engajamento mínimo conquistado no suor pelo tráfego orgânico. Com muito esforço de conteúdo e comunidade, vemos empreendedoras que influenciam de maneira significativa a sua audiência, para assim, começarem a implementar estratégias mais robustas de vendas, como anúncios e cursos.
Mas, novamente, muitas das empreendedoras não estão confortáveis, disponíveis ou até mesmo capacitadas para sustentarem todo um aparato de comunicação praticamente sozinhas, criando e atualizando seus canais online, enquanto ainda fazem toda a operacionalização do seu negócio.
Vivemos o automático de comprar nos grandes sites online ao invés de pesquisar marcas empreendedoras femininas. O automático de seguir nas mídias sociais somente a mulherada que já está aí estabelecida, que cria aquele “conteúdão” de impacto ou aquele conteúdo modinha mesmo, mas que se replica muito mais fácil pelo poder de imagem e influência que já conquistaram.
Faça o esforço de pesquisar e divulgar mulheres empreendedoras, que também são criadoras de conteúdo nas áreas que te interessam. Consuma delas. Permita que elas possam testar a experiência da marca delas em você. Que elas possam errar e oferecer o seu melhor também!
Nós só vamos fazer a diferença quando realmente fomentarmos negócios geridos em essência por mulheres, não por empresas que se apropriam da causa feminina ou por mulheres que já dominaram este modelo mercadológico de “empoderamento escalável”.
Vamos nos lembrar de que quando apoiamos negócios femininos, também estamos apoiando a mulher na sua independência emocional, financeira, social, entre tantos outros aspectos.
Pois, no fim do dia, nós sabemos: são mulheres que validam as mulheres.