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Síndrome de Burnout Materno

A transformação da mulher em mãe é um dos principais marcos da vida. É um momento de muito amor, carinho e realização, mas é também um período muito desafiador

Publicado em 10 de abril de 2023

A preocupação e cuidados constantes com o bebê, privação de sono, cansaço e exaustão são sentimentos comuns e frequentes principalmente nos primeiros meses de vida do bebê. São ainda potencializados quando a mulher não tem a participação do(a) companheiro(a).

Na grande maioria das vezes a mulher é a principal responsável pelos cuidados do bebê. Além disso, elas ainda precisam dar conta da casa, trabalho, do relacionamento/família, das suas emoções e da vida social, onde estes dois últimos pontos normalmente acabam sendo esquecidos. A maternidade é, receber, o melhor presente do mundo, mas no pacote vem junto muitas dificuldades, o desgaste é normal e esperado. O que precisamos ficar atentas é quando os momentos de felicidade ficam em segundo plano. Quando o esgotamento tem um peso maior que todo o resto, que todos os momentos felizes, ele deixa de ser um sentimento e passa a ser um sintoma. Você pode estar sofrendo de Síndrome de Burnout Materno.

Burnout é um termo muito conhecido no ambiente de trabalho relacionado à atividade ocupacional. É um esgotamento físico e mental causado por estresse no trabalho. Esse conceito foi inserido ao mundo da maternidade, onde o esgotamento das mães é muito semelhante ao que acontece nas empresas. A Síndrome de Burnout Materno é uma alta carga de estresse e uma exaustão causadas pela sobrecarga das mães com a rotina e função materna. O conceito é bem detalhado por Sheryl Ziegler, psicóloga e doutora em psicologia e autora do livro “Mommy Burnout”. Entre os principais sintomas do quadro estão: sensação de tristeza constante, esgotamento físico e mental, desmotivação ou falta de entusiasmo, sentimento de raiva, pensamentos agressivos e de fraqueza/desistência, sentimento de culpa exacerbada, baixa autoestima e pensamento de incapacidade nos cuidados do filho.

A maternidade não é a responsável pela síndrome, mas sim como aquela mulher está vivendo esse momento, a sua carga de responsabilidades e a quantidade de apoio que recebe. A mãe não precisa sofrer sozinha e não é motivo de vergonha se você estiver passando por isso. Mas a dificuldade em pedir ajuda, o medo dos julgamentos e a culpa de não estar sendo boa o suficiente para os seus filhos ainda são impeditivos para buscar ajuda. É primordial identificar estes sintomas e providenciar ajuda especializada (psicólogo ou psiquiatra), a síndrome de burnout existe tratamento. Se cuidando, você será uma mãe ainda melhor e estará cuidando também do seu bebê.

Impedir este ciclo de esgotamento é proteger os filhos dos danos que o esgotamento pode causar (pode afetar diretamente o desenvolvimento físico, mental e social da criança). A síndrome, em geral, se desenvolve no puerpério, mas pode se manifestar anos após o nascimento de um filho. As mulheres mais vulneráveis são as mães solo, mães com 2 ou mais filhos pequenos, ou gêmeos, sem rede de apoio ou um suporte ineficaz.

A rotina com o bebê exige muito da mãe, mas se esforce para ter alguns momentos para você, seja de relaxamento ou de autocuidado. Participe de grupos ou comunidades de mães, compartilhar e conversar com quem está passando pelo mesmo que você é muito enriquecedor e benéfico. É muito importante começar a se preparar desde a gestação para a prevenção do burnout materno. Busque informações sobre o puerpério, estruture sua rede de apoio, organize a distribuição das responsabilidades e a divisão das tarefas antes mesmo do bebê nascer. Caso as coisas não aconteçam como combinado, não hesite em pedir ajuda, você não precisa, e nem consegue, dar conta de tudo sozinha. A rede de apoio tem um papel fundamental para a mulher desde a gestação, mas principalmente após o nascimento do bebê.

Há diversas formas de apoio que podemos oferecer à mãe com o intuito de tirar um pouco da carga desse momento e levar bem-estar e conforto para que ela possa maternar e ser mulher, com prazer e a alegria que merece.

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CEO/Founder e COO/Co-Founder do Mãe-Estar

Aline Pedrazzi e Livia Grunho