Saiba como superar os desafios de empreender após a aposentadoria
Criadores do Programa de Empreendedorismo Sênior no Brasil dão dicas para que profissionais consigam obter êxito na nova atividade iniciada após carreira “Nada de pendurar as chuteiras. Esse é o momento para se fazer o que sempre quis, algo que lhe dê mais prazer e, de quebra, proporcione uma nova fonte de renda”. Essa […]
Publicado em 6 de maio de 2019
Criadores do Programa de Empreendedorismo Sênior no Brasil dão dicas para que profissionais consigam obter êxito na nova atividade iniciada após carreira
“Nada de pendurar as chuteiras. Esse é o momento para se fazer o que sempre quis, algo que lhe dê mais prazer e, de quebra, proporcione uma nova fonte de renda”. Essa é uma afirmação do médico, neurocientista, especialista em técnicas para se usar melhor o cérebro e co-criador do programa de treinamentos de Empreendedorismo Sênior, Dr. Jô Furlan, sobre iniciar uma nova atividade profissional após a aposentadoria. De acordo com ele, é fundamental que seja mantida a produtividade intelectual para que se alcance uma longevidade saudável.
Com base nessa máxima, de viver mais e com o cérebro ativo, Furlan lançou, em 2018, em parceria com o empresário Paulo Sérgio Souza (59), o programa Empreendedorismo Sênior, que começou ministrado na Oficina UniversIDADE, da Universidade Estadual de Campinas (UNICAMP). Agora, além de ser oferecido pela instituição, o tema passou a ser abordado em cursos e palestras por todo o país pela dupla.
Nos encontros, são apresentados diversos detalhes sobre iniciar um novo negócio nessa fase da vida, em que, antigamente, a regra era descansar. Entre os principais fatores discutidos estão os desafios inerentes a empreender após ter desenvolvido uma carreira durante anos. Para Furlan, definir o motivo pelo qual se quer empreender é o primeiro passo. “É por necessidade financeira (complementação de renda) ou para ocupação do tempo e melhora da qualidade de vida?”, propõe. “A partir desse entendimento, é necessário estabelecer uma meta do tempo de dedicação o qual está disposto a investir na construção e gestão de um negócio. Além disso, é preciso muita atenção para determinar com muito critério o capital disponível para esse investimento”, completa.
Para o empresário Paulo Sérgio Souza, sócio de Furlan no programa – e que começou seu primeiro negócio próprio aos 53 anos de idade –, é crucial que haja uma mudança na mentalidade de algumas pessoas. “Durante nossas aulas, buscamos mostrar como reestruturar e eliminar crenças limitantes, como achar que se está velho demais para começar um negócio, e que empreender é coisa pra jovens”, conta.
Com conhecimento de causa, Souza explica que há algumas objeções bastante comuns entre os empreendedores 50+. “A resistência ao aprendizado de coisas novas é algo que encontramos com frequência e já assumimos como ponto comum. No programa, auxiliamos o aluno a encontrar uma atividade que, ao ser realizada, traga prazer e sensações de utilidade ao empreendedor”, diz.
Suporte e aconselhamento são importantes
Durante toda nossa vida contamos com dicas e conselhos de pessoas mais experientes, que já passaram pelas mesmas situações anteriormente. Nessa fase da vida, a coisa não é diferente. Ainda que tenha construído uma sólida carreira profissional ao longo dos anos, pode haver inúmeros detalhes desconhecidos e que devem ser entendidos para se criar algo do zero. “O suporte de profissionais qualificados na elaboração do plano de negócios é vital. Uma assessoria sobre as questões contábeis, jurídicas e de marketing pode fazer a diferença entre o sucesso e o fracasso de um projeto, em qualquer que seja a idade. Por isso, o empreendedor sênior deve ter em mente que precisa buscar orientação de alguém que já passou por isso, um mentor”, explica Dr. Jô Furlan.
Propósito de vida
“Correr na direção de novas realizações e ter um motivo para acordar todos os dias pela manhã, alguma coisa para fazer que traga sensações de bem-estar é o ponto chave para que se concretize o ato de empreender”, analisa o professor Paulo Sérgio Souza.
Erros mais comuns
Os precursores do conceito Empreendedorismo Sênior no Brasil elencaram os principais deslizes cometidos por empreendedores aposentados e que podem arruinar negócios e vidas. Confira abaixo e procure evitar todos eles:
– Estruturação financeira inadequada ou insuficiente, refletindo numa mudança significativa no padrão de vida;
– Utilizar todo o tempo para a concretização do negócio e se frustrar porque não tem tempo livre;
– Aplicar todos os recursos financeiros e bens adquiridos ao longo da vida, correndo o risco de perder tudo e ter que voltar ao mercado de trabalho com salário baixo, só para garantir o sustento;
– Considerar o empreendimento do filho como seu próprio sonho e anular a própria vida para satisfazer a do filho (muito comum).
Dicas valiosas para o sucesso do Empreendedorismo Sênior
De acordo com Dr. Jô Furlan, é natural que aconteça um período sabático, que pode durar de até três anos após a aposentadoria. “A pessoa está num processo de descanso e recuperação após décadas de dedicação ao trabalho. É um momento de adaptação à nova fase”, explica. Passado a etapa do entendimento e ajustes, é hora de seguir essas orientações:
– Investir numa atividade que seja adequada ao perfil do empreendedor;
– O novo negócio deve proporcionar sentido de pertencer, de ser útil, de se sentir recompensado e com a sensação de dever cumprido. Tudo sem que haja algum estresse;
– Manter em mente que, apesar de ter tido uma carreira bem-sucedida, quando se trata de empreendedorismo você está apenas começando;
– Desenvolver a humildade para aprender, aprimorar, crescer e mudar;
– Abrir mão da teimosia e ser mais flexível a novas ideias e tendências;
– Manter a calma e evitar a ansiedade que pode resultar em precipitação;
– Buscar apoio e orientação de especialistas comportamentais e de negócios.