RME pelo Brasil: o programa que me mudou
Em segundo texto da série especial do mês do empreendedorismo feminino, a especialista Jana Borghi conta sua experiência no Ela Pode
Publicado em 4 de novembro de 2022
Falar sobre a minha experiência como voluntária do Programa Ela Pode é algo que enche meu coração de muita alegria. Eu ingressei no Programa em 2019, na primeira turma de voluntárias e isso representou um verdadeiro divisor de águas na minha vida.
Eu comecei a empreender em 2017, quando larguei a carreira corporativa com o objetivo de montar um negócio que estivesse alinhado com meus valores e percepções de mundo. Foi assim que criei a Casa Sete Espaço Compartilhado. Estar sozinha à frente do meu próprio negócio me fez perceber o quão desafiador é a vida de uma mulher empreendedora e me colocou diante de inúmeras lacunas de aprendizado desse novo universo, pois empreender exige um conjunto de conhecimentos e habilidades socioemocionais que precisam ser trabalhadas ou até mesmo desenvolvidas.
Ao entender tudo isso, eu percebi que precisava estudar, precisava me preparar mais e mais a cada dia e precisava, acima de tudo, me conectar com outras mulheres, pois se aquela dor doía em mim, certamente doía em outras mulheres também. Nesse processo, foi fundamental estar atenta aos recortes de gênero, classe social, políticas públicas e indicadores do empreendedorismo feminino no Brasil e na região norte, pois os dados escancaravam discrepâncias históricas de acesso à informação, recursos e oportunidades de crescimento e desenvolvimento para as mulheres.
Ao entrar para a turma de voluntárias do Ela Pode, eu encontrei uma comunidade de mulheres empreendedoras e inspiradoras que atuavam nos mais diferentes territórios desse Brasil. Todas estavam dispostas a se conectar com outras mulheres para compartilhar conhecimento, fortalecer redes e estimular sua autonomia financeira e socioemocional. Tudo isso, tendo a Ana Fontes, sua equipe e o programa com uma metodologia estruturada para levar conhecimento gratuito e de qualidade para quem mais precisa.
Lembro-me perfeitamente da maravilhosa sensação de pertencimento que dominou o meu ser naquele primeiro dia de treinamento. E até hoje, tudo que fizemos e faremos com o Ela Pode ainda é motivo de grande orgulho para mim, pois não há nada mais transformador nessa vida do que a partilha do conhecimento, pois é com informação que a pessoa se expande e se liberta.
Certa vez, durante a abertura de uma formação do Ela Pode em uma comunidade, ouvi a seguinte frase de uma das lideranças locais: “mulheres são como rios, quando se encontram, se tornam mais fortes”. Essa frase é muito especial para mim, pois além de falar sobre a potência feminina, ela também fala sobre a força dos rios da nossa Amazônia e sobre a importância de estarmos conectadas e nos fortalecemos nesse encontro.
Eu sempre uso essa frase nas minhas formações e por aqui já conseguimos levar as formações do Ela Pode para cerca de 1200 mulheres, em sua maioria, mulheres que empreendem por necessidade e que se reinventam a cada dia na busca da realização dos seus sonhos. Sinto que sou instrumento e tudo que eu aprendo, eu ensino. O Ela Pode me possibilita aprender e ensinar a cada encontro, a cada fala, a cada história, a cada depoimento.
Em uma outra formação, eu recebi o desenho de uma menina que acompanhava nosso conteúdo com a sua mãe, o desenho trazia a seguinte frase: “Eu amo o meu futuro”. Aquele desenho me emocionou profundamente e serviu para me dizer que estamos no caminho certo, pois o meu grande sonho é possibilitar que o conhecimento empreendedor chegue cada vez mais longe, para que muitas Anas, Marias, Antônias e Franciscas saibam que podem ter escolhas e saibam que podem construir conscientemente o seu presente e o seu futuro.