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Quebrando o estigma da vulnerabilidade feminina

*por Debora Pedroni, embaixadora da Rede Mulher Empreendedora     Uma das maiores dificuldades que milhões de mulheres no mundo inteiro apresentam é aceitar. Mas aceitar o que, especificamente? Aceitar que são falhas, que são limitadas ou vulneráveis e imperfeitas. E sabe o que a sociedade está o tempo todo tentando nos mostrando ou empurrar […]

Publicado em 21 de janeiro de 2020

*por Debora Pedroni, embaixadora da Rede Mulher Empreendedora

 

 

Uma das maiores dificuldades que milhões de mulheres no mundo inteiro apresentam é aceitar. Mas aceitar o que, especificamente? Aceitar que são falhas, que são limitadas ou vulneráveis e imperfeitas. E sabe o que a sociedade está o tempo todo tentando nos mostrando ou empurrar goela abaixo? Que é frustrante ser incapaz, ou falha, ou vulnerável, ou incompleta. 

 

 

E eu vou dizer pra você que está tudo bem se você não progredir em determinado momento da vida da mesma forma como o seu colega de trabalho. Está tudo bem se você fizer milhares de planos e colocá-los em prática, e ainda assim não obter os resultados que tanto almejava. Está tudo bem ser imperfeita e não dar conta de tudo no final do dia. Ser vulnerável é ser corajosa, e aceitar essa vulnerabilidade é a maior das virtudes.

 

 

É óbvio que devemos concordar que revelar as nossas emoções como medo, incerteza e vergonha nos põe em situações de desvantagem em vários âmbitos da vida. Quem nunca tremeu na hora de uma apresentação, no momento de fazer uma prova, ou falar em público ou até mesmo fazer uma live no Instagram? Durante a nossa vida, somos colocadas em teste a todo momento, e nem sempre estamos preparadas pra realizar tudo aquilo que precisamos, ou que desejamos, na sua mais perfeita conclusão. E o que surge mediante essa impossibilidade? Angústia, frustração, dores que podem trazer traumas eternos, tudo isso porque não soubemos reconhecer que expressar nossa vulnerabilidade pode impactar de maneira positiva e fortalecer grandiosamente nossas relações interpessoais. E de que maneira isso se torna possível?

 

 

Participando de grupos de conversas, mentorias, consultorias, expondo de verdade nossas dificuldades pessoais e profissionais, nos tornando próximas umas das outras. Estar disposta a se expor de forma autêntica e honesta, de correr riscos e fazer coisas que não apresentam nenhum tipo de garantia: a vulnerabilidade se alia diretamente a experiências que podem nos trazer a um propósito ou significado de vida. É um sentimento que nos traz desconforto? Claro que sim, afinal falar das nossas dores nos faz refletir sobre um passado por vezes desagradável , ou por expectativas frustradas e dolorosas. 

 

 

No entanto, o que mais engrandece a mulher quando falamos sobre vulnerabilidade (e que ser imperfeita é ok) é o fato de que estamos prontas para fortalecer nossas relações. Nos vemos e nos reconhecemos umas nas outras, e construímos uma teia gigante baseada na coragem e perseverança. Quantas milhares de mulheres estão hoje trabalhando por um futuro melhor pros seus filhos, quantas precisam trabalhar dia e noite para colocar seus planos em ação, quantas saem de porta em porta vendendo suas ideias e mostrando suas estórias de vida, quantas? Incontáveis delas mundo afora. A coragem de ser autêntica, de mostrar de maneira compassiva que sim, existem imperfeições e elas estão ali para serem trabalhadas, ou não, e está tudo bem assim também.

 

 

É um erro pensar que devemos associar a palavra vulnerabilidade a fraqueza, fragilidade, derrota. Isso é um conceito totalmente errôneo que nos desvia do nosso propósito, nos cega diante de um mar de possibilidades. É praticamente impossível alcançar nossos objetivos se não formos capazes de aceitarmos quem somos, nossas fraquezas, dúvidas, erros. E quando a gente se mostra imperfeito para o mundo é que o mundo vê que somos fortes e corajosos. 

 

 

Citando a estudiosa e palestrante TED Brene Brown, “ A vulnerabilidade soa como verdade e sente-se como coragem. Verdade e coragem não são sempre confortáveis, mas elas nunca são fraqueza”. Temos medo de nos colocarmos em uma posição vulnerável, em situações onde a gente pressente que será perda de tempo. Por exemplo, quem nunca teve medo de se declarar e não ter o amor correspondido? Quer exemplo de situação de vulnerabilidade maior que essa? Mas o que pode acontecer se não expusermos nossos sentimentos? Estamos deixando de viver pelo simples medo de parecer fracas e frágeis. Oportunidades são perdidas por conta do medo, da insegurança e da incerteza.

 

 

Esse estereótipo da mulher frágil que permeia nossa sociedade há séculos é nociva demais. Sofremos com essa crença de que assumir cargos de liderança é pros fortes, já que estamos sendo constantemente testadas. Não somos impenetráveis e nem possuímos escudos mágicos como heroínas de filmes e histórias em quadrinhos. Somos humanos que convivem com milhares de emoções e medos. 

 

 

É preciso ter coragem para ser quem você é num meio onde há tanto ainda que se aprender sobre vulnerabilidade. Se enxergar com suas limitações é um pasos dado em prol da ação, pois reconhecemos onde nossas dores estão e podemos reagir quanto a isso. Agora, se não somos capazes de nos olhar com calma e assumir nossas fragilidades, criamos uma falsa armadura, que mais cedo ou mais tarde acaba sendo derrubada. 

 

 

Que tenhamos a coragem de assumir nossas imperfeições e aceitar que está tudo bem em ser vulnerável, em mostrar nossas falas, em expor nossas dores e em buscar ajuda e transformação interior.

 

 

Debora Pedroni

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