“Priorizamos todas as pessoas de favela e de periferia”
A distribuição de 10 mil máscaras alcançou famílias de favelas e periferias, artistas de circo, ciganos e comunidades tradicionais da Grande Vitória A Central Única das Favelas, mais conhecida como CUFA, foi fundada no Rio de Janeiro em 1999, pelo rapper MV Bill, por Nega Gizza, também referência no mundo do rap, e […]
Publicado em 7 de outubro de 2020
A distribuição de 10 mil máscaras alcançou famílias de favelas e periferias, artistas de circo, ciganos e comunidades tradicionais da Grande Vitória
A Central Única das Favelas, mais conhecida como CUFA, foi fundada no Rio de Janeiro em 1999, pelo rapper MV Bill, por Nega Gizza, também referência no mundo do rap, e pelo produtor Celso Athayde, com o objetivo de desenvolver ações sociais voltadas para a cultura, a arte, o esporte e para a geração de renda. Criar plataformas potencializadoras dos territórios de favelas e periferias é o que guia a organização.
Nacionalmente, dois dos eventos mais conhecidos promovidos pela Central é a Taça das Favelas, voltada para o esporte de várzea de favela e periferia, e o Top CUFA, concurso de beleza que projeta jovens das periferias no mundo da moda. No estado do Espírito Santo, mais especificamente, antes da pandemia a CUFA executava, entre outros projetos, o Favela Literária, voltado para o fomento de escritoras e escritores desses territórios.
A partir de março, de acordo com Gabriel Costa, presidente Estadual da Central Única das Favelas, vários projetos foram interrompidos, visto que a maioria deles precisava da junção presencial de pessoas.
“Nós sabíamos que as favelas e periferias sofreriam os maiores impactos nesse momento, porque já enfrentam uma série de vulnerabilidades. Por isso, nós iniciamos a campanha CUFA Contra o Vírus, pela qual arrecadamos itens como álcool em gel, alimentos, kits de limpeza e higiene pessoal, roupas, brinquedos, entre outros, que foram destinadas para essas famílias já pré-cadastradas e outras que nós passamos a atender”, explicou Gabriel.
No início da pandemia um grupo com várias lideranças da Grande Vitória, que reúne os municípios Cariacica, Fundão, Guarapari, Serra, Viana, Vila Velha e Vitória, foi criado. Por meio dele, Gabriel ficou sabendo do projeto Heróis Usam Máscaras, coordenado pelo Instituto RME.
“Ele falou que o Heróis Usam Máscaras estava gerando renda para costureiras, aí eu apresentei o nosso projeto, querendo saber se tinha a possibilidade de sermos alcançados por essas máscaras também.”, disse. Foi possível. Por meio de uma organização social da região que foi contratada para confeccionar as máscaras, a CUFA recebeu a doação de 10 mil máscaras do Instituto RME através do Heróis Usam Máscaras, assim como outras organizações que trabalham com público em vulnerabilidade social.
A distribuição dos itens de segurança se juntou a outras ações que a CUFA do Espírito Santo já executava. “A gente ia entregar uma cesta básica e entregava as máscaras também. Se a família tinha muitas pessoas, a gente entregava máscaras proporcionais. Nós não priorizamos grupos de risco, priorizamos todas as pessoas de favela e de periferia, campo que a Central Única das Favelas atua”, ressaltou.
Segundo Gabriel, durante a pandemia, foram atendidas mais de 18 mil famílias em 24 municípios do estado por meio da CUFA. Com essa capilaridade, Gabriel contou que presenciou vários casos de pessoas que não tinham máscaras.
“Nós fizemos ações em comunidades tradicionais também, por exemplo, lá em Montanha atendemos comunidades quilombolas. Atendemos ainda comunidades de ciganos. Nós chegamos e eles disseram que estavam felizes porque eles se sentem invisíveis na sociedade. Fizemos ações voltadas para grupos de artistas de parque, músicos, dançarinos e artistas de circo. Foram mais de 100 famílias só de circo aqui na Grande Vitória”, disse.
Gabriel finalizou dizendo que a campanha continua, tanto de assistência social, quanto de disseminação de informação por meio de informativos sobre como se proteger do vírus.
“O projeto Heróis Usam Máscaras é de fundamental importância para gerar renda para mulheres de todo Brasil. O projeto só foi possível por conta da vontade de várias organizações de fazer a diferença. Elas não mediram esforços para o propósito de promover autonomia financeira das mulheres. Sem dúvida, estamos muito felizes com o resultado e esperamos que mais organizações tenham essa visão que de que causas estão acima de marcas. A união é que realiza transformação social.”, completou Ana Fontes, fundadora do Instituto RME.
Sobre o Heróis Usam Máscaras
O projeto Heróis Usam Máscaras foi coordenado pelo Instituto RME de abril a outubro deste ano e contou com a participação de 67 organizações da Sociedade Civil. Junto com o Instituto RME, elas administraram o trabalho de 6.000 costureiras e costureiros, sendo que os homens representam 10%.
Um dos objetivos do projeto foi a geração de renda para mulheres em situação de vulnerabilidade social. Costureiras que em outros locais recebiam apenas R$ 0,30 por máscara receberam em média R$ 1,52 por unidade produzida. Ao todo, foram confeccionadas e distribuídas 12 milhões de máscaras.