O empreendedorismo como força de transformação
Há uma palavra que define muito bem o que me move todos os dias: possibilidade. Como empreendedora e inovadora de alma, acredito que cada desafio que enfrentamos pode ser transformado em uma oportunidade para criar um impacto positivo. Hoje, a realidade sensível de saúde e bem-estar dos brasileiros, nos convoca a agir, não como indivíduos isolados, […]
Publicado em 14 de fevereiro de 2025

Há uma palavra que define muito bem o que me move todos os dias: possibilidade. Como empreendedora e inovadora de alma, acredito que cada desafio que enfrentamos pode ser transformado em uma oportunidade para criar um impacto positivo. Hoje, a realidade sensível de saúde e bem-estar dos brasileiros, nos convoca a agir, não como indivíduos isolados, mas como um coletivo disposto a reescrever um cenário futuro, muito melhor do que temos ou pensamos que será daqui a alguns anos.
A nossa ‘sociedade do cansaço’, como bem explorado pelo filósofo sul-coreano Byung-Chul Han, se tornou o retrato da nossa rotina. Estamos sempre “ligados”, tentando superar limites, enquanto o equilíbrio entre vida pessoal e profissional se torna cada vez mais frágil. Esse modelo é reflexo de uma longa trajetória histórica. No Brasil, desde o final do século XIX, com a industrialização tardia, o foco esteve na produtividade acima de tudo. Ao longo do século XX, movimentos pela reforma trabalhista trouxeram avanços, como a Consolidação das Leis do Trabalho (CLT) em 1943. Mas, apesar desses progressos, ainda carregamos uma herança cultural que valoriza o excesso de trabalho como sinônimo de virtude.
Hoje, 33 milhões de brasileiros estão enfrentando algum nível de ansiedade, o que representa quase 10% da população, segundo dados da Organização Mundial da Saúde (OMS). Além disso, 86% das pessoas afirmam que o trabalho é uma das principais causas de estresse em suas vidas, de acordo com uma pesquisa recente do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Não podemos ignorar esses números.
A força do empreendedorismo
Acredito que pessoas com perfil empreendedor têm uma capacidade única de identificar problemas e transformá-los em soluções. Somos capazes de olhar para as lacunas e imaginar pontes. Foi assim que comecei minha jornada como líder, criando iniciativas que colocam o bem-estar das pessoas no centro. A inovação não é apenas sobre tecnologia; é sobre impacto humano.
Ao longo da história, grandes transformações foram lideradas por pessoas que ousaram desafiar o status quo. Henry Ford revolucionou a indústria automobilística ao pensar em eficiência sem sacrificar a qualidade de vida dos trabalhadores. Anita Roddick, fundadora da The Body Shop, trouxe o conceito de sustentabilidade para os negócios quando ninguém falava sobre isso. Esses exemplos nos lembram que a inovação não precisa ser desumana; pelo contrário, ela pode (e deve) ser uma força para o bem-estar coletivo.
No Brasil, há um cenário fértil para liderarmos um movimento global em direção a um futuro mais saudável e justo. Algumas iniciativas já estão pavimentando esse caminho: Negócios que priorizam práticas sustentáveis e investem na saúde mental de seus colaboradores estão mostrando que é possível equilibrar lucro e propósito. Recentemente, a criação de iniciativas como o setembro amarelo demonstra que a união entre diferentes setores pode promover conscientização e acesso a cuidados essenciais. Além disso, as escolas podem ensinar crianças sobre a importância do autocuidado, da empatia e do equilíbrio emocional.
Não acredito que qualquer pessoa, por mais brilhante que seja, possa resolver esses desafios sozinha. É por isso que a transformação é lenta, mas deve começar por nós, mesmo que ainda sejamos pequenos empreendedores ou só uma pessoa com um espírito de inovação.
O Brasil tem uma história rica em resiliência e criatividade. É hora de usarmos essas qualidades para criar um modelo que valorize o bem-estar humano como o centro de tudo. Como liderança feminina, minha missão é clara: causar impacto positivo na vida das pessoas, porque acredito que uma sociedade mais saudável é também uma sociedade mais próspera, inovadora e justa.
Bruna Estima é CEO e co-fundadora da Yapuana, startup brasileira de bem-estar. Formada em advocacia e especialista em Comércio Exterior, tem experiência em leis, gestão de projetos e desenvolvimento internacional. Após empreender no setor jurídico, fundou a Yapuana em 2022, ao lado de João Exposito, criando o primeiro incensário eletrônico do mundo. Neurodiversa, já participou de diversos programas de aceleração e, em 2023, conheceu a Rede Mulher Empreendedora ao integrar a Mansão das Empreendedoras, onde se conectou com Andrea Cerqueira Victal, investidora e Conselheira da RME.