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Nós não somos multi-tasking, somos sobrecarregadas

Em 2020, fui convidada para participar de um painel sobre as características do feminino que serão necessárias no novo normal, e, dentre as painelistas, fiquei responsável por falar do ponto de vista da empreendedora

Publicado em 13 de fevereiro de 2023

É uma característica minha começar sempre pela pesquisa, gosto de dados, gosto de ver o que já falaram/estudaram sobre assuntos que vou falar. Daí que todos os artigos que procurei sobre o assunto destacavam a habilidade da mulher de ser multitarefa, fazer muitas coisas ao mesmo tempo e o quanto isso era bom para uma empresa e tals.

Paralelamente, encontrei uma pesquisa científica que refletiu o que eu já intuía sobre o assunto: mulheres não são multitarefas, elas são sobrecarregadas

“Mito sobre vantagem biológica feminina alimentam alocação desigual de tarefas e podem causar danos à saúde mental de mulheres.”
Esta frase me embrulhou o estômago!

O estudo está fundamentado em pesquisa que mostra que cérebros humanos não conseguem gerenciar múltiplas atividades ao mesmo tempo e elas competem pelo uso da mesma área do cérebro, dificultando demais, até impossibilitando, a realização de multitarefas.

Agora se tem algo que a gente é boa e que pode dar a falsa ideia de somos multitarefas é o nosso jogo de cintura. Isso sim a gente aprende nem que seja na prática a fazer, organizar prioridades para que que todos sejam “atendidos”, dar conta de ser mãe, mulher, filha, empresária, professora, cozinheira, organizadora das demandas de tudo e de todos. Mas não tudo ao mesmo tempo!!

O mesmo estudo afirma que cérebros humanos são bons em alternar atividades rapidamente, parecendo que estão realizando multitarefas, mas, na verdade, o cérebro está trabalhando uma por vez.

E o que acontece quando as mulheres assumem este papel? Acabam sentido os impactos da sobrecarga em sua saúde mental e também na trajetória profissional.

Este impacto na carreira tem uma série de componentes, seja por conta da estafa de tentar dar conta de tudo, de realizarem a maior parte do trabalho doméstico – mesmo nos lares em que são provedoras (outro mito!!), seja porque constantemente são elas que abrem mão dos estudos e oportunidades de trabalho para se dedicar à família.

Quando entrei na B2Mamy um dado me deixou bastante incomodada: 1 em cada 4 mulheres não retorna da licença maternidade. Só conseguia pensar em quanta mulher incrível o mercado não está deixando para trás! (mas isso daria um outro artigo…)

Voltando ao que me deu o gatilho para este artigo, além de fazer a crítica acima, destaquei no painel as características do feminino (não das mulheres exclusivamente) que realmente considero relevantes para o empreendedorismo: capacidade de ajustar o caminho rapidamente em adversidades, atitudes colaborativas e integrativas (quando as pessoas se sentem parte do todo, sentem liberdade para compartilhar ideias e críticas – quer coisa mais importante para inovação?), empatia.

E para finalizar, vou ressaltar outro material que encontrei para construção destas ideias sobre habilidades para um novo normal: o TED Talk da ativista dos direitos da mulher Yifat Susskind de 2019 onde ela brilhantemente destaca as habilidades da maternidade para superar situações de crise como entender as necessidades dos outros, o senso de justiça social, a esperança de que seu trabalho feito hoje terá um impacto no futuro e o positivismo que as mães expressam para proteger suas crias em situações que muitos agiriam com desespero.

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