Mulheres sofrem mais com problemas de saúde mental do que homens
Mulheres estão mais propensas a cenários que contribuem para o desenvolvimento de problemas de saúde mental Os dados levantados pela Associação Americana de Psiquiatria afirmam uma realidade que muitas já sabem: é cientificamente comprovado que mulheres sofrem mais com problemas mentais, como depressão e ansiedade, comparado com os homens. De acordo com APA, elas têm […]
Publicado em 31 de maio de 2024
Mulheres estão mais propensas a cenários que contribuem para o desenvolvimento de problemas de saúde mental
Os dados levantados pela Associação Americana de Psiquiatria afirmam uma realidade que muitas já sabem: é cientificamente comprovado que mulheres sofrem mais com problemas mentais, como depressão e ansiedade, comparado com os homens. De acordo com APA, elas têm duas vezes mais chances de lidar com esses problemas ao longo da vida.
Essa porcentagem maior entre as mulheres está relacionada a vários fatores, como ambiente, componentes genéticos, sociais e hormonais. Entretanto, a violência de gênero definitivamente é o maior deles. E não seria diferente. Afinal, elas lidam com riscos maiores de violência doméstica, estupro, assédio sexual, salários menores e jornadas duplas de trabalho.
O montante desses elementos culmina em menos tempo para práticas de hobbies e atividades que controlam e até mesmo previnem quadros de ansiedade e depressão, como uma boa noite de descanso, prática de atividade física e alimentação balanceada.
Pressão estética
Além de ter que lidar com todos esses cenários, as mulheres também sofrem violências que os homens sequer tem noção. É o caso da pressão estética. A todo momento elas são bombardeadas por comerciais, propagandas e comentários falando e julgando seus corpos. Isso reflete diretamente no percentual de transtorno alimentar, que afeta cerca de 90% das mulheres.
Quando se investiga melhor esse cenário, várias provas concretas podem ser encontradas a cada década, mas a mais recente é a nova epidemia de Ozempic, um remédio para controle de diabetes que tem sido usado, majoritariamente, por mulheres que querem perder peso.
Assim como no passado, já é possível observar os problemas acarretados pelo uso indevido de medicamentos, e não só fisicamente, mas também psicologicamente.
A cultura do cuidado
A pressão estética é apenas um dos muitos problemas enfrentados por elas. É muito comum conhecer uma mãe/mulher que tem jornada dupla, pois além do trabalho remunerado, ela ainda fica responsável pelas tarefas domésticas, e essa ideia do papel do cuidado começa bem cedo na vida delas. Já na infância, a maioria é colocada para desempenhar esse papel, brincando de dona de casa e cuidando de bonecas. Na adolescência, as brincadeiras viram obrigações e as meninas passam a cuidar da casa, limpando, cozinhando e até cuidando dos irmãos.
‘’O acolhimento às mulheres passa necessariamente a ajudar a tornar visível a sobrecarga do cuidado, naturalizados em nossa sociedade e sobrecarregam a saúde das mulheres. Esse cuidado, frequentemente não remunerado e pouco valorizado, recai desproporcionalmente sobre nós, gerando esgotamento e adoecimento’’, comenta Ursula Maschette, psicóloga e coordenadora de Programas na Rede Mulher Empreendedora.
Já os homens têm uma infância repleta de atividades voltadas para aventura e ação, e na adolescência tem como única obrigação ir bem na escola e limpar o próprio quarto – esse último dependendo do tipo de criação que esse homem teve. Todo esse cenário, em si, já é problemático, mas essa sobrecarga em cima delas tem consequências a longo prazo. Não à toa, muitas acreditam que são responsáveis por todas as tarefas domésticas e pelo cuidado de todos os homens de sua vida, sejam eles irmãos, genitores, namorados, maridos, etc.
Essa mesma obrigação não se aplica entre os homens. De acordo com um estudo realizado em 2009, nos Estados Unidos, que analisou cerca de 515 divórcios entre homens e mulheres por conta de doenças, cerca de 20,8% das esposas foram abandonadas por seus companheiros após o diagnóstico, enquanto apenas 3% dos homens passaram pela mesma situação.