Mais mulheres na tecnologia: por que essa mudança é urgente e como torná-la possível
A presença feminina no setor de tecnologia ainda é marcada por desafios estruturais, mas também por avanços importantes. Segundo a pesquisa Mulheres na TI 2023, da Pretalab, as mulheres representam menos de 20% dos profissionais de TI no Brasil, com presença ainda menor em cargos técnicos e de liderança. A desigualdade salarial também persiste: mesmo […]
Publicado em 9 de maio de 2025

A presença feminina no setor de tecnologia ainda é marcada por desafios estruturais, mas também por avanços importantes. Segundo a pesquisa Mulheres na TI 2023, da Pretalab, as mulheres representam menos de 20% dos profissionais de TI no Brasil, com presença ainda menor em cargos técnicos e de liderança. A desigualdade salarial também persiste: mesmo com maior escolaridade, as mulheres recebem até 28% menos do que os homens no setor de tecnologia.
Apesar disso, há sinais de progresso. A participação feminina nas áreas de Tecnologia da Informação e Comunicação (TIC) tem crescido mais rapidamente do que a masculina nos últimos anos. Além disso, o interesse de mulheres por cursos em áreas como Ciências, Tecnologia, Engenharia e Matemática (STEM) aumentou significativamente na última década.
A Rede Mulher Empreendedora acredita que promover a equidade de gênero na tecnologia é essencial para garantir inovação, inclusão e justiça social. E não se trata apenas de representatividade: empresas com maior diversidade de gênero apresentam resultados mais positivos e estão mais preparadas para responder aos desafios do futuro.
O que ainda afasta as mulheres da tecnologia?
Diversas barreiras estruturais dificultam a entrada e permanência de mulheres nesse setor. Entre os principais fatores, destacam-se:
1. Estereótipos de gênero
Desde cedo, meninas costumam receber menos estímulo para explorar áreas como matemática, ciência e tecnologia. As mensagens implícitas transmitidas por brinquedos, programas de TV, ambiente escolar e até dentro de casa reforçam a falsa ideia de que esses campos são “coisa de menino”, o que acaba afastando muitas delas dessas escolhas profissionais.
2. Ausência de representatividade
A pouca visibilidade de mulheres em cargos técnicos ou de liderança cria um cenário onde meninas e jovens dificilmente se enxergam nessas posições. Quando não há exemplos reais e acessíveis, imaginar-se ocupando esses espaços se torna um desafio.
3. Ambientes pouco acolhedores
Situações de machismo, comentários desrespeitosos e exclusão em equipes majoritariamente masculinas ainda são comuns e impactam diretamente a permanência das mulheres no setor. Em muitos casos, essas vivências negativas levam ao desânimo ou até à desistência da carreira.
4. Barreiras para o crescimento
Mesmo quando conseguem entrar no setor, muitas mulheres encontram dificuldades para avançar. Limitações no acesso a promoções, desafios em equilibrar vida pessoal e profissional, e disparidades salariais são obstáculos frequentes que restringem o desenvolvimento.
5. Falta de estratégias de inclusão
Nem todas as organizações priorizam a construção de ambientes diversos e equitativos. A ausência de iniciativas como capacitação contínua, programas de mentoria e cultura organizacional voltada para a equidade acaba mantendo o cenário desigual.
6. Sobrecarga de responsabilidades
O desafio de conciliar o trabalho remunerado com as tarefas domésticas e o cuidado com a família ainda recai, em grande parte, sobre as mulheres. Essa sobrecarga afeta diretamente a disponibilidade de tempo e energia para se dedicar à formação e à carreira.
7. Insegurança e autossabotagem
Muitas mulheres lidam com a sensação de que não são boas o suficiente, mesmo quando têm todas as competências necessárias. Essa insegurança, somada à autocobrança excessiva, pode minar a confiança e limitar a busca por novas oportunidades e desafios profissionais.
Caminhos para a transformação
A Rede Mulher Empreendedora defende que ampliar a participação feminina na tecnologia exige um compromisso coletivo, que começa na educação e segue até as práticas das empresas.
Na base, é fundamental incentivar desde cedo o interesse das meninas por programação, robótica e ciências exatas, promovendo uma cultura de igualdade de gênero nas escolas. Já no ambiente corporativo, é essencial oferecer oportunidades reais de capacitação, liderança e crescimento profissional, além de criar ambientes seguros e acolhedores.
Programas de qualificação, mentorias, redes de apoio e ações de visibilidade são caminhos eficazes para fortalecer a presença feminina nesse setor. Por meio de projetos, a Rede Mulher Empreendedora busca justamente ampliar o acesso de mulheres a formações técnicas e conectá-las com o mercado de trabalho em áreas estratégicas, como tecnologia.
Transformar esse cenário não é apenas uma demanda social, é um passo necessário para construir um futuro mais justo, inovador e com igualdade de oportunidades para todas as pessoas.