Empreender com propósito: como jovens mulheres transformam causas em negócios de impacto
Durante muito tempo, o empreendedorismo foi visto apenas como uma resposta à necessidade econômica. Algo direcionado à sobrevivência ou à busca de autonomia financeira. Mas a Geração Z, especialmente as jovens mulheres, está mostrando que é possível ir além: criar negócios que são, ao mesmo tempo, fonte de renda e ferramenta de transformação social. Estamos […]
Publicado em 4 de julho de 2025

Durante muito tempo, o empreendedorismo foi visto apenas como uma resposta à necessidade econômica. Algo direcionado à sobrevivência ou à busca de autonomia financeira. Mas a Geração Z, especialmente as jovens mulheres, está mostrando que é possível ir além: criar negócios que são, ao mesmo tempo, fonte de renda e ferramenta de transformação social.
Estamos diante de uma nova onda de empreendedorismo ativista, com posicionamentos políticos claros e causas como sustentabilidade, antirracismo, igualdade de gênero e direitos LGBTQIA+ no centro das estratégias de marca. Para essa juventude, abrir uma empresa não é apenas uma escolha de carreira: é um ato político.
Essa postura não surge por acaso. Faz parte de um movimento geracional que coloca o propósito no centro de todas as decisões. De acordo com o Edelman Trust Barometer 2024, 70% dos jovens da Geração Z esperam que marcas assumam uma postura ativa em questões sociais e ambientais. Não basta vender: é preciso se posicionar. Mais do que consumidores conscientes, elas são cidadãs que exigem coerência entre discurso e prática.
Essa transformação é visível na escolha dos modelos de negócio. Muitas dessas empreendedoras estão criando CNPJs com DNA social. São empresas de impacto, lojas virtuais com curadoria de produtos sustentáveis, consultorias de diversidade, coletivos de moda inclusiva ou agências de comunicação com foco em causas sociais. As estratégias vão do e-commerce ao ativismo digital, com forte presença em redes sociais.
Essa geração usa o empreendedorismo como espaço de enfrentamento aos preconceitos que vivenciam todos os dias. Machismo, racismo, homofobia e outros tipos de opressão deixaram de ser temas evitados e passaram a ser pontos de partida para novos negócios.
O risco do greenwashing e a exigência por autenticidade
Mas é importante lembrar: essa geração não tolera incoerências. De acordo com dados da SpendZ, 47% dos consumidores Gen-Z evitam comprar de marcas que demonstram descaso com o meio ambiente. Não adianta adotar um discurso de responsabilidade social se as ações não condizem com a prática. Transparência virou obrigação. As novas empreendedoras sabem disso e, por isso, constroem marcas que nascem com propósito genuíno.
Outro aspecto fundamental para essa geração é a representatividade. Uma pesquisa do LinkedIn mostrou que apenas 21% da Gen-Z se sente representada na publicidade atual. Isso reforça a necessidade de criar narrativas reais, que dialoguem com diferentes identidades e contextos culturais.
O empreendedorismo com propósito, liderado por jovens mulheres da Geração Z, não é apenas uma tendência passageira. É uma mudança de paradigma. Estamos vendo nascer líderes que querem e estão conseguindo transformar causas em negócios sustentáveis, financeiramente viáveis e socialmente impactantes.
Desafios de lidar com essa nova geração
Por outro lado, nem tudo são flores nesse novo cenário. Existe um desafio real quando o assunto é responsabilidade e resiliência. Podemos observar muitos casos de jovens que desistem facilmente diante de obstáculos, têm dificuldade em lidar com hierarquia ou em ouvir um “não”. Essas situações já viraram base de estudos e memes nas redes sociais, alimentando uma visão de que a Geração Z é menos preparada para o mundo real.
O mercado de trabalho já sente esse impacto: gestores relatam dificuldade em mantê-los comprometidos em rotinas mais rígidas ou tarefas que exigem constância. Isso exige um esforço dobrado das empresas, ao mesmo tempo que precisam acolher as demandas dessa geração por propósito e flexibilidade, também necessitam reforçar a cultura de responsabilidade, escuta ativa e construção de carreira a longo prazo.
Apesar disso, é inegável que estamos diante de uma etapa que valoriza quem tem coragem de questionar, vontade de mudar e disposição para transformar o mundo à sua volta. Essas pessoas não querem apenas fazer parte do mercado, mas desejam redesenhar as regras do jogo.
Por isso, mais do que criticar os excessos ou a falta de experiência, é importante criar pontes: espaços de diálogo, trocas intergeracionais e mentorias que ajudem essas jovens a combinar idealismo com consistência.
Empreender com propósito é um caminho poderoso para isso. Quando uma mulher transforma uma causa em um negócio, ela não está só gerando renda, mas também está criando impacto social, ocupando espaço e, principalmente, mudando o futuro da economia brasileira.