ESG autêntico começa com parcerias de verdade: lições da Rede Mulher Empreendedora para grandes marcas
Nos últimos anos, Environmental, Social, and Governance (ESG) deixou de ser uma sigla restrita a relatórios de sustentabilidade e passou a integrar de forma definitiva a agenda estratégica de grandes empresas. No entanto, ainda vemos muitas iniciativas com viés meramente reputacional, projetos que nascem mais da pressão do mercado do que de um compromisso real […]
Publicado em 4 de setembro de 2025

Nos últimos anos, Environmental, Social, and Governance (ESG) deixou de ser uma sigla restrita a relatórios de sustentabilidade e passou a integrar de forma definitiva a agenda estratégica de grandes empresas. No entanto, ainda vemos muitas iniciativas com viés meramente reputacional, projetos que nascem mais da pressão do mercado do que de um compromisso real com a transformação social.
Segundo estudo realizado pelo IBM Institute for Business Value, 62% das pessoas estão dispostas a pagar mais caro para comprar de quem se destaca por iniciativas sustentáveis. Na Rede Mulher Empreendedora (RME) acreditamos que o ESG autêntico começa com parcerias verdadeiras. E essa é a principal lição que aprendemos em mais de 14 anos conectando grandes marcas com mulheres empreendedoras em todas as regiões do Brasil.
Quando olhamos para o cenário atual, percebemos que o maior risco para as marcas é cair na armadilha do greenwashing ou do social washing, prática enganosa onde organizações promovem uma imagem ambientalmente amigável, mas na realidade não adotam práticas sustentáveis ou causam impactos negativos no meio ambiente. Cada vez mais, consumidores e investidores sabem diferenciar discursos vazios de práticas consistentes.
Por isso, a autenticidade é a palavra-chave: só é possível construir reputação sólida em ESG quando há compromisso de longo prazo, com metas claras e impacto mensurável.
De acordo com a pesquisa “Empreendedoras e seus Negócios 2024”, do Lab RME, a maioria das mulheres que empreendem no Brasil fatura até R$ 2 mil por mês e 66,4% não têm acesso a apoio financeiro para investir em seus negócios. Além disso, equilibrar vida pessoal e profissional (43%) aparece como o principal desafio.
Esses dados revelam que não faltam empreendedoras capazes, mas sim condições para que elas prosperem. É nesse ponto que as grandes marcas podem exercer um papel transformador: direcionando recursos, mentorias e oportunidades de negócios para reduzir desigualdades e fortalecer comunidades.
O que aprendemos com grandes parcerias
Ao longo da nossa trajetória, já trabalhamos com dezenas de empresas que entenderam o valor de parcerias de impacto. E criamos algumas lições fundamentais que valem para todas as marcas que querem fazer ESG de verdade:
1. Longo prazo importa: projetos pontuais têm impacto limitado. Parcerias duradouras criam consistência e resultados mensuráveis;
2. Escuta ativa: ouvir empreendedoras e comunidades é o primeiro passo para cocriar soluções realmente eficazes;
3. Investimento estratégico: mais do que filantropia, trata-se de construir cadeias de valor mais inclusivas e inovadoras;
4. Transparência: medir, avaliar e divulgar os resultados fortalece a confiança entre marcas, sociedade e beneficiárias;
5. Cuidado com as “tragédias que ensinam”: já vimos iniciativas bem-intencionadas fracassarem por falta de alinhamento com as reais necessidades do público atendido. Essas experiências reforçam a importância de humildade e aprendizado contínuo.
COP30
E quando olhamos para eventos globais como a Conferência das Nações Unidas sobre as Mudanças Climáticas de 2025 (COP30), que acontecerá em novembro no Belém (PA), percebemos ainda mais a urgência de ações concretas. Não basta estar presente em grandes encontros, é preciso mostrar resultados consistentes em diversidade, inclusão e sustentabilidade. Empresas que já constroem parcerias reais com empreendedoras e comunidades locais estarão mais preparadas para apresentar compromissos sólidos ao mundo.
ESG não pode ser visto como custo ou tendência passageira. Ele é, cada vez mais, um diferencial competitivo e uma exigência de um mercado que cobra coerência entre discurso e prática. E, como temos comprovado na RME, as parcerias de verdade são o elo que transforma boas intenções em impacto real.