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A potência da maternidade na carreira de uma mulher

Diante de cenários desafiadores no mercado de trabalho, uma mãe tem ferramentas poderosas para se destacar profissionalmente

Publicado em 31 de maio de 2025

Já ouviu falar da matrescência? É o processo de se tornar mãe. Aquela frase que “nasce um filho, nasce uma mãe” é real e até mesmo, científica. A mulher passa por uma transformação física e biológica. O que também pode se chamar de “super poderes” do ponto de vista mais poético. 

O cérebro da mulher cresce de tamanho, aquela sensação de esquecimento que algumas gestantes têm não significa que estão “perdendo memória”, é o cérebro se desenvolvendo em áreas como empatia, tomada de decisão, resiliência emocional, aprendizado e planejamento, na ciência é chamada de neuroplasticidade materna. Isso impacta diretamente nas suas competências profissionais e gera mais confiança e motivação para mulher. Afinal, na volta para casa, o seu bem maior está lhe esperando!

Se de um lado temos uma profissional mais engajada, preparada, como se tivesse feito – e fez – o melhor curso da melhor universidade de desenvolvimento pessoal, do outro lado da moeda, temos os fatos, a realidade de como o mercado de trabalho enxerga essa mãe.

Os dados do mercado para a carreira de uma mãe

Dados de 2022, divulgado pelo IBGE em 2023, mostram que enquanto as mulheres dedicavam, em média, 21,3 horas semanais ao trabalho de cuidado, os homens dedicavam apenas 11,7 horas. Em um ano, isso implica em cerca de 600 horas a mais dedicadas pelas mulheres. O que isso pode acarretar? Neste segundo dado: mais da metade das profissionais estão fora do mercado de trabalho após um ano da licença maternidade. 

Isso significa que as mães não podem trabalhar? Pelo contrário! Essa consequência não é uma escolha, e sim, uma exclusão. Elas não encontram oportunidades que estejam adaptadas a uma rotina que exige mais dedicação. 

A economista Claudia Golden, ganhadora do Prêmio Nobel de Economia de 2023 pelas suas contribuições em pesquisas sobre a mulher no mercado do trabalho, identificou, em um dos seus estudos, que uma mãe pode ter sua carreira impactada por até uma década após ter um filho. 

Flexibilidade e preparo das lideranças

Faltam políticas flexíveis e preparo de empresas e líderes para aceitarem com mais empatia a imprevisibilidade da maternidade. Um ambiente com equidade e respeito, que não vejam uma criança com febre como um problema, mas como parte da vida de qualquer pessoa que pode ficar doente e requer cuidados. 

Justamente por se sentir mais empoderada e com clareza de seu propósito, muitas mulheres optam por empreender. Segundo pesquisa do Instituto Rede Mulher Empreendedora (IRME) mais de 60% das empreendedoras começaram seus negócios depois da maternidade. Ainda citando dados do IRME, em uma escala de 0 a 10, o nível de sobrecarga das empreendedoras é de 7. 

Fica evidente que em qualquer formato de trabalho, os esforços das mulheres acabam sendo maiores para suprirem a escassez de apoio e entendimento de uma realidade.

Protagonismo

Diante de tantos desafios que a maternidade impõe, o que será que está sob o controle da mãe, o que ela pode fazer por si mesma para trazer mais leveza à vida? Um caminho seguro é: se conhecer, gerir melhor seu tempo e administrar o que surge inesperadamente. 

Autoconhecimento é a base de tudo

No livro da psicoterapeuta Laura Gutman – “A maternidade é o encontro da própria sombra” – como o nome mesmo já diz, retrata sobre essas diversas sensações e experiências que a maternidade proporciona. Esse pode ser o começo de uma nova versão de si mesma, respondendo à pergunta: qual sombra a maternidade me revelou?

Embora o autoconhecimento seja um processo natural, desenvolvido por meio das situações do cotidiano, fica ainda mais potente com apoio de profissionais e ferramentas que ajudem nessa caminhada. Seja por meio de avaliações de perfil, mentorias e se necessário, acompanhamento psicológico. 

Esse primeiro passo influencia em todos os outros âmbitos da vida.

O tempo é seu, assuma essa gestão!

Talvez aquele desejo de que o dia tivesse 48 horas não aconteça porque o motivo não é a falta de tempo, e sim, de foco e importância. 

É preciso clareza para entender o que é importante para você – aqui entra novamente o autoconhecimento – como se fosse um farol que ilumina e guia sua direção. Tenha metas objetivas e reais, que se encaixem no seu cotidiano e não no do outro. 

Delegar tarefas e dividir responsabilidades é fundamental. Cuidar de você para cuidar do outro, essa é a ordem.

Acolha a imprevisibilidade, vai acontecer de qualquer forma

Essa é a maior certeza: a maternidade traz a imprevisibilidade. Não é negativismo, e sim, a realidade que nem tudo está sob nosso controle, é preciso aceitar. 

Esteja no presente, entenda o que pode ser feito diante daquela situação e dê o seu melhor, sem projetar a perfeição. 

Potências e competências da Maternidade

A carreira é uma conquista pessoal, fruto de muitos anos de dedicação e preparo. A maternidade soma potência e competências para a vida profissional. É um ganho e não uma perda. Quando uma mãe enxerga tudo isso, muda também a sua marca pessoal, que é a percepção que as pessoas têm de você, isso irá refletir na maneira que se comunica e assim, se posicionar com mais firmeza e segurança.

Apoiar outra mãe, mesmo não sendo uma, engrandece o movimento – poderoso – de fortalecer outra mulher e a si mesma, com mais autoconfiança e menos autossabotagem. Que possamos olhar para as mães de forma integral, como profissionais incríveis que são, mas como mulheres que carregam múltiplos papéis. Uma coisa é garantida: força elas têm de sobra! 

ARTIGO ESCRITO POR

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Formada em Administração com pós-graduação em RH pela FAAP, possui mais de 20 anos de experiência em Recursos Humanos em posições estratégicas e de liderança. É fundadora da Eagle Moms, onde atua hoje no apoio à carreira de mães, ajudando-as a superar desafios, reconhecer seu potencial e equilibrar vida profissional com a maternidade.

Priscila Matos Fundadora da Eagle Moms