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A dor de fechar uma empresa

*Por Heloisa Motoki   As estatísticas mostram que uma empresa no Brasil tem mortalidade entre 2 e 5 anos, quando minha empresa completou 5 anos, confesso que foi um alivio, uma sensação de vitória, até porque a primeira frase que eu ouvi quando resolvi empreender foi “Você não tem perfil empreendedor”. Esse mês comemoro 9 […]

Publicado em 22 de março de 2019

*Por Heloisa Motoki

 

As estatísticas mostram que uma empresa no Brasil tem mortalidade entre 2 e 5 anos, quando minha empresa completou 5 anos, confesso que foi um alivio, uma sensação de vitória, até porque a primeira frase que eu ouvi quando resolvi empreender foi “Você não tem perfil empreendedor”. Esse mês comemoro 9 anos e uma equipe de mais de dez funcionários.

 

Empreender na contabilidade, é lidar o tempo todo com nascimento e morte de empresas, para mim é um orgulho ver a felicidade de uma empreendedora que nasceu na cozinha de casa, ter o seu próprio espaço, equipe com mais de dez pessoas, faturamento mensal ultrapassando os seis dígitos ou a empreendedora que dividia a mesa do jantar com o notebook, fazia reuniões por Skype e hoje pode apresentar uma sala comercial, com espaço para reunião e baias de trabalho.

 

O lado negro do empreendedorismo é lidar com a mortalidade das empresas, cada vez que um empreendedor começa a cogitar a possibilidade de fechar seu negócio eu sofro junto, pode parecer uma situação lógica e simples, não está dando retorno, muda ou fecha, mas não é. Entre o tempo de pensar e efetivamente encerrar uma empresa, pode ter muitas dúvidas, dores e noite mal dormidas, afinal ainda é bem subjetivo o conceito de desistir do sonho ou parar enquanto é tempo.  

 

Quando fechar as portas é uma opção, não é simplesmente fechar e entregar as chaves, há todo um processo que precisa ser visto antecipadamente, além disso muitos empresários costumam tomar essa decisão quanto já estão endividados, encararam o fechamento de empresa como uma derrota e há os que chegam a pensar em como os funcionários irão se recolocar, mesmo que culturalmente sejam vistos como exploradores.

 

Para piorar, o mercado de trabalho costuma rejeitar ex-empreendedores, não sei pelo medo de encarar um provável “concorrente” ou entender que não respeitariam os novos chefes, por outro lado o empreendedor fica com receio de abrir um novo negócio e fracassar novamente.

 

Para o empreendedor que chega neste momento, costumo ajudar na reflexão se fechar é de fato uma opção, em levantar o tudo que possui ainda de recebíveis e de pagáveis para tentar negociar antecipadamente, levantar ativos que podem ser vendidos e o mais importante pensar no que fazer para seguir em diante.

 

Finalizando, muitos acham que fechar uma empresa implica somente o fator financeiro, mas coincidências ou não, durante o período em que estava elaborando esse artigo, fui procurada por empreendedores que já estão nesta fase de seguir ou fechar, onde o problema não era exatamente o financeiro, mas nas pessoas, não estão aguentando mais ter que lidar com a gestão do dia a dia, funcionários que pensam mais nos direitos que nos deveres, fornecedores que não se importam ou clientes que sempre acham que tem razão.

 

*Diretora Adm/Fin da Rede Mulher Empreendedora, fundadora da Quali Contábil e Consultora Especial no site Fórum Contábeis