Dia do empreendedorismo feminino: somos 24 milhões de motivos para comemorar
*Por Camile Just O dia 19 de novembro é considerado o Dia Mundial do Empreendedorismo Feminino, data em que nós, empreendedoras brasileiras, temos muito o que celebrar. Dados da pesquisa da Global Entrepreneurship Monitor, conduzida pelo Sebrae, mostram que o país tem aproximadamente 24 milhões de mulheres empreendedoras. Ainda de acordo com […]
Publicado em 19 de novembro de 2019
*Por Camile Just
O dia 19 de novembro é considerado o Dia Mundial do Empreendedorismo Feminino, data em que nós, empreendedoras brasileiras, temos muito o que celebrar.
Dados da pesquisa da Global Entrepreneurship Monitor, conduzida pelo Sebrae, mostram que o país tem aproximadamente 24 milhões de mulheres empreendedoras.
Ainda de acordo com o Sebrae, somos responsáveis por 34% dos empreendimentos criados no Brasil em 2018.
Um número expressivo se considerarmos que estamos passando por um período bastante desafiador no cenário macro político e econômico, onde o Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro cresceu 1,1% em 2018, na segunda alta anual consecutiva após 2 anos de retração.
De acordo com o GEM Brasil (Global Entrepreneurship Monitor), o público feminino é mais expressivo do que o masculino, quando o assunto é a abertura de novos empreendimentos.
Os dados apontam que o empreendedorismo tem despertado mais interesse das mulheres. A proporção de “Empreendedores Novos” – os que têm um negócio com menos de 3,5 anos – é maior entre elas: 15,4% contra 12,6% de homens.
O estudo constatou ainda que as representantes do sexo feminino empreendem movidas principalmente pela necessidade de ter outra fonte de renda, ou de adquirir independência financeira.
Em se tratando desse recorte por gênero, um outro estudo bastante relevância, conduzido pelo Instituto Rede Mulher Empreendedora, aponta dados significativos no que diz respeito a comparações entre negócios liderados por mulheres e homens, destacando as diferenças no perfil e na motivação para empreender, e ainda na gestão financeira e no acesso a crédito.
Ao fazer esse recorte de gênero, a pesquisa encontra respostas para questões que impactam diretamente na taxa de sucesso dos negócios femininos.
Uma delas diz respeito ao fato de termos que equilibrar o tempo disponível para trabalhar no próprio negócio e o tempo que precisamos para cumprir as funções em casa, que na maioria dos casos, acaba sendo de mais responsabilidade da mulher.
O estudo da RME mostra que 59% das mulheres que empreendem são casadas e 52% têm filhos, e por essa razão elas têm menos tempo para seus negócios, pois se dedicam mais aos cuidados com a casa e com os filhos do que os homens.
Segundo aponta a pesquisa, as mulheres investem 24% a mais de tempo com a família, se comparado aos homens.
Ter flexibilidade de horário e mais tempo para a família são as principais motivações para as mulheres empreenderem. Já para os homens, as motivações são ter uma renda extra e seguir sua vocação natural.
E ao iniciarem seus negócios, onde 58% das mulheres trabalham em casa, elas consideram como um dos maiores desafios do empreendedorismo feminino a capacidade de gerenciar o tempo entre família e trabalho.
A empreendedora Leticia Vitti, de 34 anos, aluna do curso Como ser Assistente Virtual, é um retrato fiel dessa situação:
“Sempre trabalhei em multinacional e tive vários cargos. Porém, não foi possível conciliar a rotina estressante e a alta carga horária após o nascimento dos meus filhos.
Então, após ficar um período imersa no mundo da maternidade, cuidando integralmente das crianças, sentia a necessidade de voltar ao mercado de trabalho. Porém, de uma forma que eu pudesse fazer meus próprios horários, trabalhar de qualquer lugar e poder ficar mais perto de minha família.
Hoje, a qualidade de vida da minha família melhorou muito, pois além de ter meus filhos sempre perto de mim, posso contribuir financeiramente para o sustento deles.”
Mas um outro dado que desperta atenção é o de quê em se tratando de nível de qualificação, 69% das mulheres que empreendem têm graduação ou pós graduação. Contra 44% dos homens.
Ou seja, mesmo tendo que equilibrar os pratos para gerenciarem suas carreiras em busca de autonomia financeira, flexibilidade de horários e tempo de qualidade com a família, as mulheres investem mais em qualificação,se comparado aos homens.
Porém, mesmo com melhores níveis de capacitação, ainda segundo a pesquisa, 49% das mulheres abrem seus negócios sem nenhum planejamento e apenas 28% se sentem seguras com a gestão financeira de seus negócios, diferentemente dos 50% dos homens.
Outros aspectos qualitativos deste estudo confirmam o que, nós mulheres, já sabemos de forma prática:
- o empreendedorismo é uma importante ferramenta de transformação profissional, econômica e social;
- nós mulheres continuamos nos desdobrando muito mais do que os homens para dar conta das atividades do lar, aliado ao desafio de gerenciar nossos negócios;
- ainda assim, o sucesso do empreendimento de uma mulher é suficiente para garantir o sustento de sua família;
- empreender é uma atividade solitária, cheia de incertezas, inseguranças e dificuldades, onde buscar o caminho da capacitação se torna essencial para superar os obstáculos;
- mulheres empreendedoras são capazes de gerar emprego para outras mulheres, fomentando uma rede de crescimento, aprendizado e apoio.
Sabemos que jornada do empreendedorismo feminino está repleta de desafios, mas tudo isso demonstra que somos capazes de romper padrões que vão muito além dos números e estatísticas.
Então, para celebrar essa importante data, sugiro que você resgate dentro de si o motivo que te fez iniciar o seu próprio negócio e comemore, pois você já venceu o maior desafio de todos: o de empreender em si mesma!
“Ser forte não significa exercitar os músculos. Significa ser capaz de aprender, ser capaz de defender o que sabemos. Significa se manter e viver”. do livro ‘Mulheres que correm com os lobos’