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Empreendedorismo prateado: veja dicas para abrir o próprio negócio após os 50 anos

Especialista e empreendedores de longa data dão dicas para quem deseja manter um negócio próprio após os 50 anos; segredo, afirmam, está em focar no propósito e no longo prazo

Publicado em 2 de dezembro de 2025

A população com 50 anos ou mais é crescente no mundo, e já representa uma parcela significativa da força de trabalho global. No Brasil isso não é diferente, o que faz do potencial produtivo e de consumo dessa população o principal motor da chamada “economia prateada”, fenômeno que já é observado de perto por diversas empresas e pretende desenvolver bens e serviços pensados especificamente para os consumidores 50+.

Esse conceito tem ganhado cada vez mais relevância diante do envelhecimento populacional, e ganha ainda mais importância diante da ampliação do potencial econômico da “geração prateada”, cuja necessidade de requalificação, produtividade e consumo mobiliza economias e também organizações privadas. De acordo com um levantamento do núcleo de pesquisa Data8, essa parcela da população movimenta atualmente R$1,8 trilhão, o que representa 24% do PIB. Nos próximos 20 anos, esse percentual deve saltar para 35%, ou R$ 3,8 trilhões.

É também nesse cenário que o empreendedorismo tem se tornado uma alternativa viável para aqueles que desejam se manter economicamente ativos diante da necessidade produtiva e da jornada prolongada no mercado de trabalho.

Dicas para empreender após os 50 anos

Para guiar a jornada empreendedora de pessoas acima dos 50 anos, Surama Jurdi, mentora, empresária e especialista em educação empresarial internacional, recomenda uma atenção especial ao propósito. “Nessa fase, o que passa a ter mais peso é o significado. Muitos profissionais chegam a esse momento da vida com uma bagagem riquíssima — conhecimento, conquistas e uma experiência de vida valiosa — e começam a desejar usar tudo isso de uma forma mais alinhada aos seus valores e propósito de vida”, afirma.

“Empreender com propósito é unir o que você ama fazer com aquilo em que é realmente bom e que o mundo precisa. Quando esses três elementos se encontram, nasce um negócio autêntico, coerente com seus valores e capaz de gerar resultados sustentáveis”, defende.

Abaixo, outras dicas da especialista para quem deseja começar a empreender após os 50 anos de idade

  1. Atenção às novas tecnologias e gerações:

    A especialista também destaca a visão de longo prazo e a atenção às novas tecnologias e tendências como ações indispensáveis para tornar o negócio (e a jornada empreendedora) bem-sucedidos. “Um outro fator decisivo é manter a mentalidade jovem, entender como eles pensam, o que consomem e como se comportam. Aprendendo a lidar com diferentes faixas etárias, respeitando suas visões e aproveitando o melhor de cada uma, afinal, na verdade a idade é apenas um número”, diz.

    Essa é a lógica seguida por Juliana Cruz, franqueada da startup de minimercados autônomos Minha Quitandinha, em São José dos Campos (SP). Aos 50 anos, ela decidiu abandonar a docência na universidade e empreender em busca de mais autonomia e tempo para dedicar-se aos filhos. “Mesmo após os 50 anos, não podemos ter medo da tecnologia. Pelo contrário, ela é hoje uma das nossas maiores aliadas. É essencial planejar com cuidado o caminho que se deseja seguir, valorizar o próprio tempo e trabalhar com inteligência, não apenas com intensidade”, conta.
  2. Firmeza nas decisões de negócio:

    Por se tratar de uma decisão motivada, muitas vezes, pelo desejo de mudança, o empreendedorismo após os 50 anos pode ser uma jornada solitária, sem a companhia de sócios ou investidores iniciais para além do fundador do negócio. Por essa razão, Sumara destaca a importância de manter a solidez em cada decisão tomada, principalmente se ela for feita de maneira individual. “Tomar decisões importantes sem ter com quem dividir esse peso exige equilíbrio e maturidade. Você decide, assume as consequências e segue em frente”, afirma. Longe de ser algo totalmente negativo, defende, a realidade reafirma a necessidade por um planejamento bem estruturado, com metas claras e visão de longo prazo.
  3. Faça muitas pesquisas:

    Heleny Lins Costa Jatobá, 61 anos, decidiu empreender há pouco. Aos 56, abriu um negócio próprio, uma unidade do Grupo HSH, rede de delivery especializada em culinária asiática e havaiana, em Maceió (AL). Apesar da experiência prévia no comércio, ela enfrentou desafios como a falta de experiência na área de gastronomia e a dificuldade em encontrar funcionários qualificados. Para superar essas barreiras, investiu em cursos e buscou capacitações e suporte de entidades de apoio ao empreendedorismo. “Nunca é tarde para começar. A experiência e a paixão pelo trabalho são fundamentais para o sucesso, assim como buscar qualificação profissional, mesmo com a idade avançada”, diz.

    A história da empreendedora vai de encontro à uma das recomendações de Sumara: o investimento em capacitação, pesquisas densas de mercado e a busca por cursos complementares de administração e outras habilidades gerenciais. “Também é crucial se conectar a área de atuação, mesmo sem dominar sobre o setor aproxime-se de pessoas que entenda do assunto, estude e invista em cursos, assim reduz erros e acelerar os resultados”, indica.
  4. Busque apoio de uma boa equipe:

    Empreendedores mais maduros devem ter a clareza de que equipes multidisciplinares são fundamentais para o sucesso de um negócio. A variedade de habilidades, conhecimentos e pontos de vista agregam valor e ajudam empresários a ganhar velocidade e expertise em áreas que não necessariamente dominam. “Uma equipe forte traz velocidade e consistência aos resultados, e é isso que os empreendedores mais maduros já entenderam. Quando propósito, experiência e uma boa equipe se unem, o sucesso deixa de ser uma possibilidade e passa a ser uma consequência natural”, diz Sumara.
  5. Mantenha e mentalidade inovadora:

    Para a especialista, é essencial manter o que chama de “mindset empreendedor”: a mentalidade inovadora, com curiosidade e disposição para acompanhar tendências, mudar processos e implementar novas ideias ao negócio constantemente. “O que vale é a energia e a disposição para se reinventar. Manter a cabeça jovem, curiosa e aberta ao novo”.

Parceria Rede Mulher Empreendedora e Estímulo

Este texto é uma parceria com o Fundo de Impacto Estímulo. Olhando para toda a história do Estímulo, o fundo já passa de R$360 milhões em apoio financeiro para mais de 5,5 mil pequenos negócios de todo país, sendo 91% deles em regiões de baixa renda e 54% com mulheres em seu quadro societário.

A Rede Mulher Empreendedora é parceira de crédito e capacitação do fundo de impacto Estímulo, desde a sua fundação em 2020. Caso tenha interesse em pedir apoio financeiro para seu negócio, visite o site estimulo2020.org, confira as condições e receba o depósito em até 5 dias direto na sua conta PJ (sujeito à análise de crédito).

    ARTIGO ESCRITO POR

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    Passou por publicações como Exame, Época Negócios e Autoesporte, e colaborou com a Gazeta do Povo, Cajuína e CNN. Vencedora do Prêmio de Destaque em Franchising em 2022 e coautora do livro "Mulheres no Jornalismo".

    Maria Clara Dias Jornalista especializada em negócios, empreendedorismo e tecnologia