Pesquisa mostra que incluir pessoas LGBTQIA+ no quadro de funcionários representa sucesso empresarial

Pesquisa mostra que inclusão de pessoas LGBTQIA+ nas empresas ainda está longe do ideal

Pessoas LGBTQIA+ representam 10% da população brasileira. Entretanto, apenas 2% estão ocupando cargos dentro das empresas, de acordo com o estudo ‘’Diversidade, Representatividade e Percepção – Censo Multissetorial da Gestão Kairós 2022’’. Os números dos últimos anos são positivamente significativos em várias questões trabalhistas, mas ainda existem muitos desafios a serem superados quando o assunto é a integração dessas pessoas no mercado de trabalho.

De acordo com um levantamento feito pela revista Management Science, as companhias que se preocupam em implementar políticas inclusivas quando o assunto é pessoas LGBTQIA+ mostram um índice de inovação significativamente mais alto. Esse mesmo estudo apontaque indivíduos que são favoráveis a temas sobre diversidade acabam exibindo várias características que estão associadas à criatividade, como alto nível de estudo, disposição em assumir riscos, mente aberta e conhecimento sobre a vida mais diversificado. Ao mesmo tempo, aquelas que apresentam posturas discriminatórias têm mais chance de serem mais conservadoras. 

Esse tipo de postura entre algumas pessoas está diretamente relacionado à construção de valores sociais. Não podemos esquecer que há 40 anos, pessoas LGBTQIA+ eram culpadas pela propagação do vírus HIV. Mesmo ainda encontrando traços deste tipo de conceito pré-concebido até hoje, é preciso superar esses pensamentos conservadores e arcaicos. Estar aberto à inclusão dessas pessoas dentro das empresas não só torna esses espaços mais atrativos, como ainda fortalece a adaptação diante dos desafios do mercado de trabalho atual. 

E, parando para pensar na situação atual, principalmente em como a geração Z tem trazido essas pautas à tona, é inegável que as empresas que estão suscetíveis a abraçar essa causa se mostram mais bem-sucedidas quando comparadas com as entidades que não têm interesse em se abrirem para o tema. Ao contratar as pessoas que estão dentro do guarda-chuva da sigla LGBTQIA+, essas companhias estão melhorando sua reputação, crescimento e sustentabilidade, além de estarem contribuindo positivamente para mudanças na sociedade como um todo. 

Incluir essas pessoas não é um favor, é um ato de cidadania e respeito. Abaixo listaremos algumas dicas para companhias que desejam engajar na pauta, mas não sabem como. 

Aumente a captação de currículos de profissionais LGBTQIA+ 

O primeiro passo para abraçar a inclusão de profissionais LGBTQIA+  dentro de uma empresa é começando com a captação de currículos de pessoas que fazem parte da sigla. Abrir canais de recrutamento, redes e organizações voltadas para esses profissionais é um bom começo. 

Seja específico na hora do processo seletivo

Não adianta nada fazer todo esse processo de captação de currículos de profissionais LGBTQIA+ se a empresa continua fazendo seletivas às cegas – uma realidade dentro da maioria das companhias. Assim como no momento de prospectar currículos, o processo seletivo precisa ser formulado de uma forma que deixe claro que o RH está a procura de profissionais LGBTQIA+. 

Tenha procedimentos para evitar e tratar situações de discriminação e LGBTfobia 

A melhor forma de introduzir essa mudança dentro do ambiente empresarial é investindo em palestras que abordem o tema, incluindo postura e linguagem que são discriminatórias. Esse é um processo usado pela maioria das companhias que engajam no tema. Entretanto, nem sempre esse formato consegue atingir as pessoas mais conservadoras. 

Diante dessa possibilidade, vale igualmente pensar em estratégias, como um canal de denúncia terceirizado, por exemplo. É uma forma de saber que a empresa realmente está se dedicando em ser mais inclusiva, ao mesmo tempo que passa mais segurança para o funcionário que possa a vir sofrer com LGBTfobia. 

Apoie a comunidade 

Mostre apoio a comunidade e não só apenas no mês de junho, mas durante o ano todo. Você pode fazer isso não só por meio das contratações, mas também apoiando projetos, empresas lideradas por essas pessoas e eventos. Parece que não, mas tudo isso contribui para uma construção de uma rede de apoio ainda maior e mais inclusiva. 

Revise as políticas da empresa 

Ser inclusivo também significa fazer mudanças em várias áreas, inclusive nas políticas da empresa. Certifique-se que essas regras sejam abrangentes e transparentes. E isso abrange não só ter uma plataforma para denúncias, mas também no uso de linguagem adequada com esses profissionais, suporte de saúde para pessoas trans e seguro de vida que beneficia parceiros dentro de relações com pessoas do mesmo sexo, por exemplo. 

Faça uso do nome social 

Ao contratar pessoas LGBTQIA+, alguns cuidados específicos são necessários, como o uso do nome social entre travestis e pessoas trans. Sendo assim, na hora de fazer o crachá ou no envio de comunicação interna para esse grupo, certifique-se de usar o nome social e os pronomes utilizados pelo profissional. É algo simples, mas que faz total diferença para essas pessoas. Afinal, quem não quer/gosta de se sentir incluído.

Peça feedbacks para os funcionários 

Nada melhor para saber se algo está funcionando do que falar com as pessoas para quem as mudanças estão sendo feitas. Então, durante o processo seletivo, vale a pena ter um bate-papo com os participantes para descobrir o que eles estão achando de tudo. Esse feedback pode ajudar a melhorar o procedimento. 

Ofereça treinamento para líderes 

Como as mudanças são, essencialmente, de dentro para fora, é importante educar os líderes sobre o assunto, que inclui a importância da inclusão de profissionais LGBTQIA+, como respeitar e ser inclusivo com essas pessoas e como isso pode oferecer inovação e engajamento dos funcionários. 

A verdade é que a inclusão traz benefícios para todos. A mudança não vai acontecer da noite para o dia, mas é importante começar de alguma forma.