RME pelo Brasil: Eu pude no Ela Pode
Em série especial, multiplicadora conta sua experiência emocionante ao lidar com mulheres em situações de vulnerabilidade
Publicado em 9 de novembro de 2022
Quando falamos em trabalho voluntário, muitas vezes pensamos na atividade em si e o tempo gasto nela, e esquecemos o principal: a gratidão de fazer parte da evolução de outras pessoas e consequentemente da sua. Sempre gostei de fazer voluntariado, pois sentia que ajudando outras pessoas eu estava bem comigo mesma. Uma questão de satisfação pessoal.
Quando decidi empreender, vi a dificuldade de acesso educacional. Afinal não conhecia nada de gestão de empresas e o que me movia era a vontade de fazer a diferença. Assim conheci a Rede Mulher Empreendedora, Fórum RME e outros bate-papos online a um tempo. Quando abrira as inscrições para de fazer parte da Rede como voluntaria, já me inscrevi. Com projeto Ela Pode, me deparei com a oportunidade de entrar nesse ecossistema e fazer a diferença na minha vida e de outras mulheres. Resumo: Gamei!
Isto é, o Ela Pode são mulheres do cotidiano e as ocasionais, de algum modo, tem percepções diferentes de retorno social do trabalho em suas vidas. Eu aprendi que o voluntário é impactado com novos saberes, novos relacionamentos e com o sentimento de satisfação ao fazer o bem ao próximo. Ele deve doar o tempo que dispõe, mas ser honesto com a Organização da Sociedade Civil quanto a sua disponibilidade, pois assumimos um compromisso com aquelas mulheres que esperam da gente um apoio e até uma possibilidade de mudança de vida.
Minha experiência foi ficando mais gratificante ao longo do tempo. Iniciou com muito medo de aceitação, de estar fazendo o correto, de conseguir ajudar, de fazer a diferença. Eram tantas e tantas cobranças em minha mente. Mas com o tempo, fui me sentido cada vez mais segura, inclusive ao me aceitar como eu sou e ver o que de bom posso oferecer. Sentir que estou ajudando alguém com o pouco que posso doar é revigorante. E extremamente satisfatório receber os feedback das oficinas.
Nos tempos de pandemia, na qual estavam todos em casa, comecei a me dedicar às palestras e me propus a fazê-las semanalmente. Eu precisava daquilo para minha mente e percebi que as mulheres precisam também. Foi quando percebi que o educacional ia além de apoio técnico, é também desenvolvimento socioemocional. Muitas ali estavam em vulnerabilidade social e esperavam aquele momento para fugir de suas realidades. Então decidi colocar um horário fixo para que, naqueles dias, elas saberem que poderiam contar comigo. Algumas vezes até extrapolávamos os horários, pois as conversas e dores eram muitas e às vezes marcávamos outra oficina para realmente complementar o conteúdo.
Porém, neste momento, o desafio também era engajar as mulheres para alcançarmos o resultado almejado pela Ela Pode. Algumas iam desistindo, mas fomos persistentes e fiquei surpresa ao saber a quantidade de mulheres impactadas. É gratificante ver e fazer parte desta mudança!
Aprendizado, doação, autodescoberta e realização são palavras que têm tudo a ver com trabalho do Ela Pode. Quem passa por essa experiência diz que é algo realmente transformador! Muita gente até descobre algum talento ou vocação, fora toda a bagagem de conhecimento adquirido. Para mim, especificamente, deixei de desenvolver tecnologia para o mercado financeiro, local onde era minoria, para desenvolver tecnologia e inovação para solucionar um problema social. Assim nasceu o projeto I.S.A – uma social tech, um mobile de oportunidade para negócios liderados por mulheres negras que buscam financiamento e microcrédito. Nossa missão é preencher a lacuna no financiamento de capital de risco para fundadoras mulheres pretas, auxiliando empresas de impacto, escaláveis e agressivas ao crescimento.