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“A máscara é um artigo de luxo na comunidade”

Segunda maior favela de São Paulo recebeu doação de 800 mil máscaras do Instituto RME, que coordenou o projeto Heróis Usam Máscaras com o apoio de bancos privados      A Associação de Mulheres de Paraisópolis, segunda maior favela de São Paulo, localizada na zona sul do município, foi criada em 2006 para empoderar as […]

Publicado em 13 de outubro de 2020

Segunda maior favela de São Paulo recebeu doação de 800 mil máscaras do Instituto RME, que coordenou o projeto Heróis Usam Máscaras com o apoio de bancos privados 

 

 

A Associação de Mulheres de Paraisópolis, segunda maior favela de São Paulo, localizada na zona sul do município, foi criada em 2006 para empoderar as moradoras por meio da capacitação profissional para que elas pudessem empreender ou ingressar no mercado de trabalho. Aulas que abordam a culinária, a área da beleza, da construção civil e da costura estão na ementa. 

 

 

Com a chegada da pandemia, a resposta precisou ser rápida para continuar dando suporte para a população. Para isso, foi criado o projeto Presidentes de Rua, onde mais de 600 moradores fizeram o cadastro das famílias que precisariam de cesta básica e marmitas, um grupo de brigadistas em primeiros socorros, um alojamento para abrigar quem não tinha onde morar e a organização contratou ainda médicos e ambulâncias para a região. 

 

 

“A partir de março quando o estado decretou o isolamento social tentamos fazer o home office, só que a nossa realidade não nos permitia. Grande parte da comunidade trabalha no setor de serviços e não tem a opção de trabalhar em casa. Muitas pessoas estão desempregadas por conta da crise, a maior parte mulheres, mães solo e chefes de família”, disse Elizandra Cerqueira, presidente da Associação e fundadora do Bistrô Mãos de Maria.

 

 

Com o cenário, se juntar ao G10 das Favelas, grupo de líderes e empreendedores que atua em favelas de 10 estados brasileiros, que conseguiu criar 12 programas de enfrentamento ao Covid19, foi essencial. Segundo Elizandra, um dos projetos foi o Emprega Comunidade, que adotou mulheres que trabalhavam como diaristas e que perderam seus empregos, para fornecer recursos financeiros, cesta básica e kit limpeza. Além disso, por meio do Mãos de Maria, quase 80 mulheres foram contratadas para trabalhar em casas de apoio e na cozinha de produção das marmitas solidárias. Foram distribuídas 850 mil marmitas para as famílias da comunidade durante esses meses. 

 

 

“A gente teve o apoio do Instituto RME nessa ação que adotou centenas de marmitas que foram distribuídas aqui em Paraisópolis. A Associação está na linha de frente junto com a União dos Moradores, com o G10 das Favelas, o Instituto Escola do Povo e demais parceiros e organizações que lutam para diminuir as dores causadas pela pandemia”, completou.

 

 

Como integrante da G10 das Favelas, as Mulheres de Paraisópolis receberam a doação de 800 mil máscaras do projeto Heróis Usam Máscaras, coordenado pelo Instituto RME. A ação se juntou a ações já reconhecidas de combate ao vírus. Uma pesquisa mostrou que Paraisópolis teve um desempenho contra o coronavírus melhor que a cidade de São Paulo, por exemplo. 

 

 

O foco de ação foi justamente esse: comunidades onde o G10 das Favelas atua, todas áreas onde a vulnerabilidade social é presente. Bairros como Paraisópolis, Jardim Valquiria, São Remo, Jardim Colombo, e municípios como Poá, Ferraz de Vasconcelos e Campinas foram contemplados não só com máscaras, mas com cestas básicas e itens de higiene.

 

 

“A máscara é um artigo de luxo na comunidade, junto com o álcool em gel, porque as pessoas não têm dinheiro para comprar e não priorizam isso. Graças a essa parceria a gente pôde doar essas máscaras. Às vezes a pessoa tem duas máscaras em casa para uma família inteira, era como como se fosse um presente”, disse Suelé Feio, que coordenou o recebimento e distribuição de máscaras dentro da Associação.

 

 

Enquanto não sair a vacina, Suelé destaca que é esse o trabalho executado: contenção de danos, assistência social e informação segura sobre hábitos de higiene e isolamento social. 

 

 

“O projeto Heróis Usam Máscaras é de fundamental importância para gerar renda para mulheres de todo Brasil. O projeto só foi possível por conta da vontade de várias organizações de fazer a diferença. Elas não mediram esforços para o propósito de promover autonomia financeira das mulheres. Sem dúvida, estamos muito felizes com o resultado e esperamos que mais organizações tenham essa visão que de que causas estão acima de marcas. A união é que realiza transformação social.”, completou Ana Fontes, fundadora do Instituto RME.

 

 

Sobre o Heróis Usam Máscaras

 

 

O projeto Heróis Usam Máscaras foi coordenado pelo Instituto RME de abril a outubro deste ano e contou com a participação de 67 organizações da Sociedade Civil. Junto com o Instituto RME, elas administraram o trabalho de 6.000 costureiras e costureiros, sendo que os homens representam 10%. 

 

 

Um dos objetivos do projeto foi a geração de renda para mulheres em situação de vulnerabilidade social. Costureiras que em outros locais recebiam apenas R$ 0,30 por máscara receberam em média R$ 1,52 por unidade produzida. Ao todo, foram confeccionadas e distribuídas 12 milhões de máscaras.

 

 

* A imagem que ilustra o texto foi retirada do Facebook da Associação de Mulheres de Paraisópolis.