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O que a Educação Infantil tem a ver com a Autonomia Pessoal e Profissional?

*por Jackie Queiroz, Consultora de Marketing Digital para Empreendedoras     Você já ouviu essa frase dos seus pais na sua infância? “Me obedeça?”, “Quem manda aqui sou eu”, “Me obedeça e me respeite!”… Quem nunca, né? A maioria de nós que tem hoje 20 e poucos anos, 30 e poucos anos ou mais já […]

Publicado em 1 de junho de 2020

*por Jackie Queiroz, Consultora de Marketing Digital para Empreendedoras

 

 

Você já ouviu essa frase dos seus pais na sua infância? “Me obedeça?”, “Quem manda aqui sou eu”, “Me obedeça e me respeite!”… Quem nunca, né? A maioria de nós que tem hoje 20 e poucos anos, 30 e poucos anos ou mais já ouviu algumas centenas de vezes essas frases no decorrer da vida.

 

 

Vou mais longe: Quantas vezes você já repetiu e reproduziu essa frase com sua filha(o) na tentativa de educá-la ou educá-lo? Quantas vezes você já repetiu automaticamente, impensadamente ou de uma forma robotizada essa linguagem mecânica e autoritária no intuito de ser respeitada(o), obedecida(o), de estabelecer ordem, de dominar sua filha(o) e ou até mesmo de oprimí-la(o) mesmo sem perceber, inconscientemente? Conhece a história do oprimido que de tanto sofrer violência, terminou por absorver tanto os valores do seu opressor que tudo o que ele queria era oprimir o outro, o próximo?

 

 

Essas expressões, essa linguagem e conduta autoritária, não contribui com a autonomia das crianças e muito menos do adultos que serão. A menos que você queira que sua filha(o) seja um cumpridor ou repetidor de ordens alheias. Espero que você não deseje isso para eles, mas almeje que possuam pensamentos críticos e questionadores para transformarem o mundo. Só por meio do pensamento crítico e da reflexão e não reprodução automática e robotizada que conseguiremos uma sociedade mais independente, mais empática, mais respeitosa, mais justa, mais equilibrada e mais autônoma para si e, consequentemente, para todos.

 

 

Sugiro dizer “Me ouça”, ao invés de “Me obedeça”. É mais humano e respeitoso.

 

 

A autonomia está relacionada com liberdade de ser e pensar o que se deseja. Ninguém nasce para ser para o outro, para ser alienado. Nascemos para sermos seres pensandos, independentes e criativos.

 

 

Opressão e obediência educam para a servidão. Liberdade e respeito educam para a autonomia. Proibição é uma violência. Quando o ser humano é educado na base da obediência, da violência, ele interioriza essas condutas e termina por desprezar a si mesmo, ele pode se enxergar como incompetente, insuficiente ou incapaz, além de desenvolver uma dependência emocional do opressor.

 

 

Pior do que depender emocionalmente do opressor é ter medo da liberdade. Alguns querem se tornar autônomos, mas têm medo disso. É um conflito, um dilema entre querer ser e temer der. “Medo da liberdade é um parto doloroso”.

 

 

A educação não deve transformar pessoas em seres passivos, acomodados, ajustados ao sistema, incapazes de decidir ou sem liberdade. Não devemos nos acomodar no mundo e achar que sempre foi assim e sempre será, mas sim transformá-lo através de nós mesmos. É fazer parte do mundo, mas manter uma vontade autêntica e legítima de transformá-lo para melhor. Quebrar padrões tóxicos e nocivos. Agir e intervir.

 

 

Evoluindo um pouco mais da infância para a fase adulta, quando uma menina recebe uma educação violenta dos pais, tende a normalizar esse comportamento e a buscar parceiros com o mesmo padrão de comportamento abusivo. Por isso também, muitos homens reproduzem violência porque receberam isso dos seus pais. Esses mesmos homens, reproduzem atitudes abusivas fora de casa, em locais como o trabalho, por exemplo. É um ciclo vicioso e prejudicial para todos os envolvidos.

 

 

Eu mesma já fui vítima de um “chefe” abusivo e não de um líder. Fui chamada de insubimissa. Na época, eu não tinha noção, como hoje tenho, do que eu tinha sofrido. Da mesma forma que muitas mulheres sofrem violência doméstica e não percebem. Se eu não tivesse a certeza dentro de mim sobre quem eu sou e qual o meu valor, poderia ter acreditado no que ele disse e as consequências seriam infinitamente maiores! Mas, felizmente, minha voz interior falou mais alto. Minha auto estima e minha consciência sobre o ser humano, mulher e profissional que eu sou me sustentou e me permite impulsionar o que faço hoje para mim, para minha filha e para as mulheres que encontro no caminho pessoal e profissional.

 

 

Nada nem ninguém pode determinar ou dizer quem é você.

 

 

E você, quem é? Uma reprodutora ou reprodutor de conceitos e educação abusiva, arcaica e violenta com seus filhos e subordinados, ou você os presenteia com confiança, liberdade e autonomia?